Plano de Ação Estratégico
Plano de Ação Estratégico para a adaptação da pecuária extensiva às alterações climáticas
O objetivo deste Plano Estratégico é tornar as recomendações políticas o mais concretas e úteis possível. Para isso, nesta secção identificamos as políticas, estratégias e regulamentos mais relevantes que estão atualmente a determinar o contexto da pecuária extensiva e o seu futuro imediato.
O presente Plano de Ação Estratégico propõe uma série de medidas para a adaptação da pecuária extensiva às alterações climáticas, tendo estas medidas sido concretizadas em 171 ações estruturadas em 13 linhas de ação estratégica.
Linhas orientadoras
I.A. Diferenciação da pecuária extensiva
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Ações necessárias para a diferenciação da pecuária extensiva |
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I.A.1 |
Estabelecer uma definição clara e consensual de extensividade baseada num trabalho participado com a fileira da pecuária extensiva adaptando esta definição às características de cada território e tipo de animal gerido. |
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I.A.2 |
Desenvolver um quadro político diferenciado que inclua as suas principais características e especificidades como base para o desenvolvimento do seu potencial e capacidade adaptativa como ferramenta de mitigação. |
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I.A.3 |
Reconhecer legalmente as especificidades da pecuária extensiva, diferenciando-a claramente de outras modalidades pecuárias, adotando como critérios de partida a base territorial, o baixo nível de inputs externos, o pastoreio e a sustentabilidade da atividade. |
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I.A.4 |
Reconhecer as características específicas da pecuária extensiva, como a mobilidade pecuária, a capacidade de gestão da vegetação e dos habitats, e a integração com os fluxos agrícolas, que favorecem a sua adaptação às alterações climáticas, assim como o seu potencial de mitigação. |
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I.A.5 |
Estabelecer os mecanismos necessários para a certificação da atividade e dos seus produtos derivados. |
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I.A.6 |
Assegurar que esta definição seja incorporada nos diferentes regulamentos que afetam a atividade, tais como normas higiénico-sanitárias, normas de sanidade animal, PDR, etc. |
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I.A.7 |
Assegurar que esta definição seja assumida pelas diferentes instituições europeias e que, por conseguinte, forneçam relatórios em que a atividade pecuária extensiva e intensiva é diferenciada na atribuição de responsabilidades climáticas e ambientais. |
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I.A.8 |
Assegurar que esta diferenciação se reflita nos conteúdos estatísticos de natureza agrária. |
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I.A.9 |
Assegurar que essa diferenciação seja assumida por organizações que representam o sector, como os sindicatos agrários, as associações e as ONGs. |
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I.A.10 |
Avançar para esta definição que está a ser concretizada numa certificação dos produtos de pecuária extensiva que permita o seu tratamento diferenciado para consumo. |
I.B. Atribuição justa e diferenciada da responsabilidade climática da pecuária extensiva
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Ações necessárias para uma atribuição justa e diferenciada da responsabilidade climática |
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I.B.1 |
Reforçar a investigação científica em relação à capacidade de sequestro de carbono nos solos, pelas plantas e/ou culturas. |
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I.B.2 |
Reforçar a investigação científica na relação dos animais às suas diferentes formas de gestão, com a dinâmica dos fluxos de gases com efeito de estufa. |
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I.B.3 |
Gerar modelos e ferramentas para o cálculo da pegada de carbono que incorporem conhecimentos sobre as características específicas da pecuária extensiva de forma diferenciada da produção industrial de carne. |
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I.B.4 |
Promover/monitorizar a utilização de ferramentas de cálculo da pegada de carbono que assumem uma perspetiva de análise do ciclo de vida (ACL), incorporando questões como os impactos da produção e transporte de componentes de alimentos para animais. |
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I.B.5 |
Gerar bases de dados nacionais, acessíveis e abertas, para o cálculo de matéria orgânica nos solos. |
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I.B.6 |
Melhorar as bases de dados internacionais/europeias e as ferramentas para estudos de solos como SoilGrids ou LUCAS (Land use and land cover survey). |
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I.B.7 |
Incorporar novos conhecimentos sobre a responsabilidade climática e o potencial atenuante da pecuária extensiva nos relatórios e políticas das administrações europeias e dos países membros, nomeadamente no que se refere às estratégias para as alterações climáticas. |
I.C. Reconhecimento e maximização dos serviços de ecossistemas prestados pela pecuária extensiva
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Ações necessárias para o reconhecimento e maximização dos serviços de ecossistemas prestados pela pecuária extensiva |
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I.C.1 |
Promover a utilização da pecuária na manutenção de infraestruturas públicas como redes de alta tensão, infraestruturas rodoviárias, parques e jardins. |
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I.C.2 |
Reconhecer o valor da pecuária extensiva e pastorícia na criação de paisagens de interesse ecológico e cultural. |
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I.C.3 |
Estabelecer mecanismos de pagamento de serviços de ecossistemas prestados pela pecuária extensiva. |
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I.C.4 |
Atribuir uma pegada hídrica justa à pecuária extensiva e claramente diferenciados dos animais explorados intensivamente e associados a grandes impactos nos recursos hídricos. |
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I.C.5 |
Reconhecer e justificar a relevância da pecuária extensiva para a soberania alimentar da Europa e dos seus países-membro. |
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I.C.6 |
Reconhecer o papel da pecuária extensiva na manutenção e recuperação do potencial produtivo dos solos agrícolas e reivindicar a sua relevância num contexto global de crise de fertilizantes minerais. |
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I.C.7 |
Garantir a gestão florestal, a conservação ambiental e os regulamentos de práticas agrárias de acompanhamento que incorporam conhecimentos sobre os benefícios ambientais da agrosilvopastorícia. |
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I.C.8 |
Valorizar o património cultural da pecuária extensiva e da pastorícia nos diferentes territórios. |
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I.C.9 |
Reconhecer o valor insubstituível da pecuária no controlo de incêndios, promovendo a incorporação desta atividade em planos de gestão de incêndios. |
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I.C.10 |
Reforçar a investigação científica no conhecimento dos serviços de ecossistema prestados por animais criados em regime extensivo. |
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I.C.11 |
Promover a formação e a sensibilização da sociedade em geral e dos profissionais do sector pecuário no que respeita aos serviços de ecossistema prestados pela pecuária extensiva. |
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I.C.12 |
Promover a formação e sensibilização da sociedade em geral e dos profissionais do sector agrário no que respeita à importância da pecuária extensiva na prevenção de incêndios. |
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I.C.13 |
Reconhecer a importância do fogo na gestão do território, caminhando para modelos de gestão territorial não supressivos. |
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I.C.14 |
Promover e facilitar a relação entre a atividade agrícola e pecuária, compreendendo os benefícios sinérgicos estabelecidos entre ambas as atividades. |
Linhas de acompanhamento político-económico
II.A Valorização do sector primário acompanhada de apoio económico, fiscal e financeiro
| Ações necessárias para a dinamização do sector primário acompanhadas de apoio económico, fiscal e financeiro | |
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II.A.1 |
Sensibilização para profissionais do sector, administrações e sociedade no seu conjunto sobre o valor do sector primário para a soberania alimentar, o desafio demográfico, a oferta de matérias-primas e a transição socioeconómica. |
| II.A.2 | Sensibilizar, formar e abordar com planos participativos o abandono do meio rural e das profissões agrárias e pecuárias. |
| II.A.3 | Facilitar o acesso às infraestruturas terrestres e comunitárias, nomeadamente para os jovens e novos agricultores. |
| II.A.4 | Valorizar os usos tradicionais, os costumes e o saber-fazer como um conhecimento inspirador para a sustentabilidade e autonomia económica |
| II.A.5 | Melhorar a compreensão e consciencializar sobre a relevância do sector primário como gerador de paisagem e identidade territorial. |
| II.A.6 | Implementar medidas para promover a fixação de população nas zonas rurais, facilitando o acesso aos terrenos, infraestruturas e habitação. |
| II.A.7 | Promover a constituição de bancos municipais de habitação e terrenos produtivos. |
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II.A.8 |
Integrar nos programas educativos a importância e o valor do sector primário, mostrando as profissões agrárias como opções atrativas, relevantes, saudáveis e satisfatórias. |
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II.A.9 |
Reforçar os laços de responsabilidade mútua entre ambientes urbanos e rurais. |
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II.A.10 |
Promover a disponibilização de recursos necessários nas zonas rurais para promover a atividade primária, a transformação, a comercialização de alimentos e a ativação de cadeias curtas. |
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II.A.11 |
Implementar processo participados desde o sector e da população rural para a cogestão dos fundos destinados ao desenvolvimento rural, de modo a que respondam verdadeiramente às necessidades da população rural. |
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II.A.12 |
Implementar medidas para a desburocratização do sector agrário, nomeadamente no que diz respeito às certificações, regulamentos higiénicos e de comercialização em canais curtos. |
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II.A.13 |
Implementar medidas destinadas a fazer uma revisão crítica da medida em que a digitalização dos processos burocráticos constitui um novo obstáculo aos produtores identificados pelo sector. |
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II.A.14 |
Estabelecer medidas para uma melhor coordenação entre o serviço da coesão territorial e as outras administrações. |
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II.A.15 |
Incentivar/forçar um compromisso claro por parte das entidades regionais de estabelecer critérios agroecológicos na compra pública de alimentos, tanto para garantir que os dinheiros públicos assumam um compromisso claro com a produção agrária regional, bem como com a proteção das economias regionais e com o valor educativo dos alimentos para divulgar e sensibilizar para a pertinência dos modelos produtivos na conformação do território, saúde, a economia local e a soberania alimentar. |
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II.A.16 |
Implementação de medidas de acompanhamento para novos produtores pecuários e agrícolas. |
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II.A.17 |
Estabelecer uma tributação que favoreça as atividades do sector primário e do empreendedorismo rural. |
II.B Adaptação dos planos estratégicos da PAC às necessidades específicas da pecuária extensiva
| Ações necessárias para adaptar a PAC às necessidades específicas da pecuária extensiva | |
| II.B.1 | Assegurar um processo cuidadosamente participado pelo sector na elaboração e aprovação dos Planos Estratégicos Nacionais da PAC (PEPAC). |
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II.B.2 |
Fazer uma revisão crítica dos textos do Plano Estratégico Nacional da PAC desenvolvido até à data, garantindo que a dotação orçamental apoie efetivamente os objetivos de sustentabilidade refletidos no PEPAC. |
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II.B.3 |
Avançar para a simplificação burocrática dos procedimentos da PAC, evitando a digitalização obrigatória sem assistência e harmonizando os procedimentos entre as regiões e com outros procedimentos necessários à atividade pecuária. |
| II.B.4 | Avançar para a harmonização dos períodos em que os pedidos da PAC são feitos com períodos de arrendamento de terrenos. |
| II.B.5 | Garantir processos de participação com o sector que facilitem a realização de uma PAC ao serviço das necessidades de cada território. |
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II.B.6 |
Unificar os critérios para a elegibilidade das pastagens entre os diferentes países membros e melhorar os sistemas nacionais de informação que permitam a sua monitorização. |
| II.B.7 | Promover o uso de raças mais rústicas e resistentes, restringindo a tendência atual de perda dos mesmos. |
| II.B.8 | Certificar-se de que pelo menos todas as pastagens da rede Natura 2000 estão dentro das ajudas diretas da PAC. |
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II.B.9 |
Rever se os Pagamentos de Rendimento Básico (Pagamentos Diretos) são quantitativamente semelhantes para a produção pecuária extensiva e para a produção agrícola (atualmente em Espanha são 250% mais baixos). |
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II.B.10 |
Rever o Coeficiente de Admissibilidade das Pastagens entendendo que a pecuária extensiva nas zonas mediterrânicas é muitas vezes compatível com o uso da floresta e que a incorporação de árvores em áreas de pastagem é um dos instrumentos fundamentais na adaptação do gado extensivo às alterações climáticas. |
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II.B.11 |
Adaptar as regras da PAC às necessidades de mobilidade pecuária, repartindo códigos agrários únicos por exploração independente da unificação temporária dos rebanhos. |
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II.B.12 |
Conciliar as utilizações agrárias e pecuárias sem perder a ajuda da PAC, entendendo que a integração de ambas a atividade, por exemplo, na utilização de coprodutos, é essencial para o encerramento de ciclos de nutrientes e para avançar para economias circulares. |
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II.B.13 |
O ecoregime de pecuária extensiva, à semelhança de outros mecanismos de pagamento dos serviços ambientais, tem a participação direta do sector em todas as fases da sua conceção, avaliação e acompanhamento e a todos os níveis de decisão. |
II.C Melhoria da coordenação interadministrativa e integração territorial para a harmonização das normas
| Ações necessárias para melhoria da coordenação interadministrativa e integração territorial para a harmonização das normas | |
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II.C.1 |
Promover a harmonização nacional das leis de base que afetam o sector da pecuária extensiva, como por exemplo no que se refere às normas sanitárias e à guarda das rotas pecuárias. |
| II.C.2 | Estimular e incentivar estruturas de coordenação interregionais e interministeriais para a harmonização do apoio à pecuária extensiva. |
| II.C.3 | Recompensar/incentivar pessoal administrativo disposto a estabelecer alianças e colaborações entre administrações. |
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II.C.4 |
Questionar a DG e Cooperação Autónoma e Local como responsável pela coordenação de regras que afetam várias comunidades no que diz respeito ao apoio à pecuária extensiva, favorecendo a hipótese de circulação voluntária entre as autoridades competentes, evitando assim o trabalho repetitivo entre territórios. |
| II.C.5 | Estabelecer os mecanismos necessários para incentivar a coordenação entre departamentos dentro do próprio ministério. |
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II.C.6 |
Estabelecer processos participativos para a harmonização dos regulamentos de silvicultura, agricultura e conservação da natureza para a proteção e promoção da pecuária extensiva. |
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II.C.7 |
Estabelecer os mecanismos necessários para a incorporação de pessoal técnico qualificado em reuniões de coordenação interministerial que facilitem a abordagem de cada questão específica com perspetiva e profundidade suficientes. |
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II.C.8 |
Promover uma revisão e posterior simplificação e racionalização dos processos burocráticos que afetam o sector pecuário, evitando também a sua digitalização obrigatória. |
| II.C.9 | Apoiar a estruturação do sector através da promoção do sindicalismo sectorial, do cooperativismo e do associativismo. |
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II.C.10 |
Promover planos e ações de governança e participação social a nível territorial, estabelecendo pontes de trânsito obrigatório entre administrações locais e regionais e os interesses do sector, como mecanismo para evitar a homogeneização das políticas em ambientes heterogéneos. |
| II.C.11 | Promover um consenso interministerial em torno da prioridade do uso do solo para a produção de alimentos. |
| II.C.12 | Estabelecer medidas de controlo e manutenção das rotas pecuárias e das suas infraestruturas associadas, punindo a sua usurpação. |
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II.C.13 |
Identificar e divulgar as experiências bem-sucedidas de apoio da administração à pecuária extensiva, estabelecendo as medidas necessárias para lhes dar apoio que garanta a sua continuidade ao longo do tempo e para a sua replicação noutros contextos e territórios. |
II.D Formação e sensibilização dos profissionais do sector envolvidos nos regulamentos que afetam a pecuária extensiva
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Ações necessárias para a formação e sensibilização dos profissionais do sector envolvidos nos regulamentos que afetam a pecuária extensiva |
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II.D.1 |
Implementar planos de formação sobre planeamento participativo e cogovernança dirigidos a profissionais da administração. |
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II.D.2 |
Sensibilizar e formar profissionais do sector sobre a importância da pecuária extensiva na conservação da biodiversidade, ecossistemas e paisagens |
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II.D.3 |
Implementar planos de formação dirigidos a agentes ambientais, agentes florestais e agentes de sanidade animal sobre mobilidade pecuária e outras necessidades específicas da pecuária extensiva. |
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II.D.4 |
Implementar planos florestais mais flexíveis, que incluam conceitos de adaptação às alterações climáticas, como a necessidade de regeneração do arvoredo associado aos montados/dehesas e pastagens, a gestão de novas pragas e doenças do substrato arbóreo derivado das alterações climáticas ou a incorporação de novas espécies florestais adaptadas aos novos cenários climáticos do futuro. |
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II.D.5 |
Sensibilizar e promover planos de formação sobre a relação sinérgica da agricultura e pecuária na perspetiva de ciclos ecológicos fechados, à gestão inteligente da fertilidade dos solos e ao progresso para as economias circulares. |
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II.D.6 |
Sensibilizar e formar o pessoal envolvido nos processos de certificação biológica nas características e dificuldades específicas da pecuária extensiva. |
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II.D.7 |
Apoiar e promover a geração do sector em torno da pecuária extensiva (sindicalismo, cooperativismo e associativismo) que permita a representação do mesmo ao estabelecer políticas territoriais e regulamentos de negociação que o afetam. |
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II.D.8 |
Sensibilizar os técnicos para a necessidade de limpar os terrenos abandonados para os animais terem acesso, facilitando os processos administrativos para o efeito. |
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II.D.9 |
Implementar a compreensão do fogo como uma ferramenta de gestão do território, gerando alianças entre serviços de prevenção de incêndios e produtores pecuários. |
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II.D.10 |
Capacitar os agentes de sanidade saúde animal sobre as necessidades específicas da pecuária extensiva e sobre a incorporação de protocolos para a deteção precoce de novas doenças em animais derivados das alterações climáticas. |
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II.D.11 |
Implementar planos de investigação e inventário do conhecimento tradicional do mundo rural e agrário identificados com grande potencial de adaptação às alterações climáticas |
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II.D.12 |
Sensibilizar para a importação dos conhecimentos tradicionais como fontes de inspiração para a soberania energética e alimentar e para o desenvolvimento de novas tecnologias de adaptação (mobilidade pecuária, conhecimento botânico, materiais biodegradáveis e com base territorial, etc.). |
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II.D.13 |
Capacitar e implementar medidas destinadas a proteger a transumância e o pastoreio em geral. |
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II.D.14 |
Sensibilizar para importância das necessidades da pecuária extensiva face à coexistência com espécies selvagens como o lobo ou o urso. |
II.E Apoio à comercialização diferenciada e promoção de produtos da pecuária extensiva
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Ações necessárias para apoiar a comercialização diferenciada e a promoção de produtos da pecuária extensiva |
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II.E.1 |
Sensibilizar a sociedade em geral dos valores ambientais e sociais da pecuária extensiva e, por conseguinte, a importância de a apoiar através do consumo dos seus produtos. Promoção e publicidade. |
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II.E.2 |
Sensibilizar a sociedade para as melhores características nutricionais e a qualidade organolética dos produtos alimentares derivados da pecuária extensiva. Promoção e publicidade. |
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II.E.3 |
Sensibilizar para as ligações de responsabilidade e interdependência entre as zonas urbanas e rurais. |
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II.E.4 |
Informar e sensibilizar o consumidor da sazonalidade dos produtos para facilitar o acoplamento entre a procura do mercado e a disponibilidade das pastagens. |
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II.E.5 |
Desenvolver os regulamentos necessários para a diferenciação da produção extensiva e associá-la à sua própria certificação. Rotulagem diferenciada. |
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II.E.6 |
Simplificar e tornar regulamentações administrativas e sanitárias flexíveis para facilitar e promover canais de vendas locais e circuitos alimentares de alta qualidade. |
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II.E.7 |
Proteger, promover e melhorar as infraestruturas municipais ou cooperativas que permitam a transformação de produtos pecuários, como matadouros, salas de desmancha, lavandarias de lã ou queijarias. |
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II.E.8 |
Promover e facilitar a utilização de matadouros móveis. |
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II.E.9 |
Promover e facilitar a transformação e venda de produtos pecuários nas próprias explorações. |
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II.E.10 |
Promover e facilitar experiências de turismo integrado com a atividade pecuária. |
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II.E.11 |
Promover a integração de produtos pecuários extensivos dentro da gastronomia de qualidade, com impacto no sector da hotelaria e turismo. |
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II.E.12 |
Gerar espaços de reflexão, diálogo e cooperação que atendam as necessidades do sector. |
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II.E.13 |
Apoiar a estruturação do sector através da promoção do sindicalismo sectorial, do cooperativismo e do associativismo. |
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II.E.14 |
Regular a compra pública alimentar que promova o apoio à pecuária extensiva. |
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II.E.15 |
Avaliar e avançar para a tributação que premeia os serviços ambientais prestados por produtos agrícolas sustentáveis. |
Linhas destinadas a melhorar a gestão e o maneio
III.A Melhorar a adaptabilidade das explorações pecuárias
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Ações necessárias para melhorar a adaptabilidade das explorações pecuárias às alterações climáticas ao nível da exploração |
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III.A.1 |
Melhorar e reforçar os serviços de formação e aconselhamento (AKIS). |
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III.A.2 |
Melhorar a gestão e o bem-estar dos animais adaptando os critérios de saúde às características específicas da pecuária extensiva e das necessidades de adaptação. |
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III.A.3 |
Implementar medidas destinadas a melhorar a gestão e a vigilância face ao aparecimento e à transmissão de doenças emergentes. |
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III.A.4 |
Incentivar a utilização e a proteção das raças rústicas. |
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III.A.5 |
Oferecer formação, simplicidades administrativas e logísticas para que a mobilidade pecuária em busca de pastagens frescas e recursos hídricos seja um mecanismo de adaptação facilmente acessível. |
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III.A.6 |
Promover plantações arbóreas nas explorações e instalar abrigos de sombra. |
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III.A.7 |
Implementar planos de formação e apoio para a melhoria das pastagens e a inclusão de plantas arbóreas e arbustivas. |
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III.A.8 |
Implementar planos de formação e apoio destinados a melhorar a autonomia forrageira nas explorações, otimizando a produção e armazenamento da forragem (silagem, fenossilagem e feno). |
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III.A.9 |
Implementar planos de formação e apoio para a promoção da gestão holística e do pastoreio rotacional, controlando mais ativamente as cargas pecuárias, a regeneração das pastagens e a proteção dos solos. |
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III.A.10 |
Sensibilizar para a importância do cuidado dos solos como recurso fundamental para a sustentabilidade das explorações agrícolas. |
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III.A.11 |
Implementar medidas legais e regulamentares que ponham fim a práticas prejudiciais à fertilidade dos solos e à biodiversidade. |
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III.A.12 |
Proporcionar formação e ajuda para a implementação de correções de água que impeçam a perda de solo fértil (bloqueio de fendas/valas). |
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III.A.13 |
Implementar planos de formação e apoio específico à incorporação e de medidas de recolha e armazenamento de água nas explorações. |
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III.A.14 |
Oferecer formação e simplificações administrativas e logísticas. |
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III.A.15 |
Avaliar a aplicação de regulamentos mais flexíveis no que diz respeito à inclusão de novas espécies arbustivas, arbóreas e herbáceas mais adaptadas às condições de aridez e altas temperaturas. |
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III.A.16 |
Melhorar os estudos e a aplicação de regulamentos para um melhor ajuste do encabeçamento animal às características espaciais e temporais de cada tipo de pastagem e exploração. |
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III.A.17 |
Incluir a população cinegética dentro dos cálculos do encabeçamento animal para uma melhor gestão dos recursos territoriais. |
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III.A.18 |
Integrar as necessidades de utilização de fogo nas explorações pecuárias com planos de prevenção de incêndios, entendendo que o uso do fogo pode ser um aliado fundamental na prevenção de incêndios e pragas de árvores. |
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III.A.19 |
Oferecer formação, simplicidades administrativas e logísticas para a integração da agricultura e pecuária como uma aliança sinérgica na utilização dos recursos alimentares e na gestão da fertilidade dos solos. |
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III.A.20 |
Implementar mecanismos para facilitar o acesso às pastagens e às florestas comuns, bem como a áreas protegidas. |
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III.A.21 |
Implementar planos de coordenação entre associações pecuárias, associações de proprietários florestais, gestores de terras comuns e gestores municipais de terrenos (municípios) para uma estratégia territorial comum e integrada. |
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III.A.22 |
Implementar mecanismos de apoio à pastorícia de forma autónoma face às lógicas da dependência de inputs externos e da globalização. |
III.B Melhoria da gestão da água em linha com as necessidades de adaptação
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Ações necessárias para a melhoria da gestão da água |
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III.B.1 |
Formar e promover a conservação da água e a gestão racional no sector primário, assumindo a responsabilidade de adaptação a um cenário futuro de maior aridez. |
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III.B.2 |
Incentivar o estabelecimento de uma pegada hídrica justa para a pecuária extensiva, claramente diferente da pegada hídrica da pecuária industrial. |
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III.B.3 |
Implementar medidas para melhorar a governação em relação ao uso e cuidados dos recursos hídricos, estabelecendo linhas de coordenação e colaboração entre o sector, a administração da água e a administração ambiental; estabelecendo processos participativos com o sector que permitam a assunção das suas necessidades no que respeita à gestão adequada dos recursos hídricos. |
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III.B.4 |
Melhorar os mecanismos de controlo da qualidade da água, com atenção às descargas poluentes e à utilização de fitotóxicos ilegais ou acima dos níveis permitidos. |
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III.B.5 |
Melhoria dos mecanismos de controlo sobre a utilização das águas subterrâneas, controlando os furos ilegais e racionalizando os volumes de extração nos furos legais. |
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III.B.6 |
Melhorar o apoio técnico à implementação de políticas territoriais adequadas em matéria de gestão da água. |
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III.B.7 |
Melhorar o apoio técnico e económico ao estabelecimento na exploração dos vários mecanismos de adaptação da pecuária extensiva às alterações climáticas, incluindo a melhoria da infiltração das águas pluviais, a recolha e armazenamento de água nas explorações. |
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III.B.8 |
Sensibilizar para os cuidados de saúde do solo como um mecanismo básico para melhorar a infiltração, a conservação da água e a manutenção de pastagens mais saudáveis e frescas. |
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III.B.9 |
Melhorar o conhecimento e a sua aplicação em termos de gestão da vegetação e da necessidade de conservar a água, entendendo que por vezes a vegetação pode ser um aliado para evitar a evaporação de água recolhida, mas noutras alturas pode acelerar a evapotranspiração e desempenhar um papel como concorrente com o recurso de hídrico. |
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III.B.10 |
Melhorar o conhecimento e a aplicabilidade dos mecanismos para melhorar a potabilidade da água. |
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III.B.11 |
Apoiar e facilitar a gestão das pastagens para incorporar espécies com melhor eficiência hídrica, aplicando também técnicas de pastoreio rotacional adaptadas à disponibilidade hídrica da pastagem. |
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III.B.12 |
Promover o estabelecimento de medidas de controlo do acesso da fauna silvestre às fontes de água utilizadas pelos animais, para evitar a concorrência do recurso e problemas sanitários. |
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III.B.13 |
Apoiar e facilitar a mobilidade pecuária como um mecanismo fundamental na adaptação à disponibilidade de recursos hídricos e pastagens jovens. |
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III.B.14 |
Identificar, proteger e recuperar as práticas tradicionais de gestão da água de grande valor para adaptação a períodos de escassez hídrica, tais como key-lines, aceiros, sistemas de valas. |
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III.B.15 |
Identificar e promover as práticas de gestão da água que envolvem tecnologias práticas, acesso e gestão, e que respondem a lógicas territoriais, adaptadas ao contexto do solo, clima, geologia e cultura das áreas em que é aplicada. |
III.C Reconhecimento, facilitação e apoio à mobilidade pecuária
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Ações necessárias para o reconhecimento, facilitação e apoio à mobilidade pecuária |
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III.C.1 |
Melhoria do conhecimento sobre a transumância (registo de produtores transumantes, identificação de rotas, valorização dos serviços ambientais, entre outras questões). |
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III.C.2 |
Promover o reconhecimento da mobilidade como característica importante da pecuária extensiva. |
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III.C.3 |
Organizar e promover planos de formação para agentes ambientais e veterinários sobre a importância da mobilidade pecuária. |
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III.C.4 |
Sensibilizar a sociedade e promover o reconhecimento dos valores culturais e ambientais da mobilidade pecuária. |
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III.C.5 |
Promover e premiar a transferência de terrenos privados para pastoreio. |
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III.C.6 |
Garantir e promover o acesso dos animais às florestas públicas e comunitárias. |
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III.C.7 |
Conceber e promover planos de formação para pastores sobre mobilidade pecuária. |
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III.C.8 |
Estabelecer planos de apoio, com recursos e pessoal adequado, à mobilidade pecuária, avaliando a possibilidade de atribuir pastores assistentes. |
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III.C.9 |
Promover estudos e processos participativos que visem identificar e corrigir os regulamentos que promovem a sedentarização, simplificação e intensificação da pecuária. |
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III.C.10 |
Estabelecer e promover planos de recuperação para as canadas perdidas, bem como as suas infraestruturas associadas, tais como pontos de água, abrigos, casas, zonas de pernoita ou demarcações. Decreto normativo da Lei 3/1995 (Legislação espanhola), sobre as rotas pecuárias. |
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III.C.11 |
Promover a reforma dos regulamentos de saúde que envolvem a imobilização dos animais ao mesmo tempo que incorporam mecanismos de certificação sanitária que facilitam a mobilidade pecuária. |
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III.C.12 |
Promover o reconhecimento específico da figura do pastor transumante. |
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III.C.13 |
Promover o reconhecimento da transumância como património imaterial da humanidade. |
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III.C.14 |
Proibir ou monitorizar a utilização de herbicidas nas rotas pecuárias. |
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III.C.15 |
Proibir ou monitorizar a construção de estruturas nas rotas pecuárias. |
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III.C.16 |
Adaptar a atribuição de códigos da exploração à mobilidade pecuária, estabelecendo um código único independente da origem do rebanho. |
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III.C.17 |
Rever as normas regionais de certificação ecológica de modo a que sejam coerentes com as necessidades da pecuária móvel, entendendo como parte específica e necessária da atividade a utilização de restolhos, a utilização de áreas comunitárias ou de pastagens no caminho entre as explorações. |
Linhas para o reforço da investigação e do tecido social
IV.A Reforço da investigação, transferência e monitorização para a adaptação da pecuária extensiva às alterações climáticas
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Ações necessárias para reforçar os programas de investigação e de acompanhamento técnico para a adaptação da pecuária extensiva às alterações climáticas |
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IV.A.1 |
Financiamento para investigação e transferência de pegada de carbono e análise do ciclo de vida da pecuária extensiva. |
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IV.A.2 |
Financiamento para investigação e transferência no domínio da pegada hídrica para a pecuária extensiva. |
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IV.A.3 |
Financiamento para investigação e transferência no domínio do sequestro de carbono nos solos, fertilidade dos solos e relação do gado com a dinâmica da matéria orgânica do solo. |
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IV.A.4 |
Financiamento para a investigação e transferência na gestão de pastagens e forragens complementares e adaptadas às alterações climáticas. |
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IV.A.5 |
Financiamento para investigação e transferência sobre a gestão da água. |
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IV.A.6 |
Financiamento para a investigação e transferência em matéria de sanidade animal no contexto das alterações climáticas |
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IV.A.7 |
Financiamento para a investigação e transferência na gestão dos recursos aquáticos subterrâneos e contaminação de águas. |
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IV.A.8 |
Financiamento para a investigação e transferência no âmbito da rusticidade das raças autóctones e da sua adaptabilidade às alterações climáticas. |
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IV.A.9 |
Financiamento para a investigação e transferência no âmbito do património sociocultural tradicional potencialmente utilizável e na adaptação de animais extensivos às alterações climáticas. |
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IV.A.10 |
Implementação de programas de vigilância e monitorização de novas doenças em animais e vegetação. |
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IV.A.11 |
Implementação de programas de vigilância e monitorização para a utilização de pastagens e a sua evolução no contexto das alterações climáticas. |
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IV.A.12 |
Mapeamento, vigilância e monitorização do estado e utilização das rotas pecuárias |
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IV.A.13 |
Criação de comissões técnico-científicas que apoiem a administração para um estabelecimento normativo e de gestão consistente com os conhecimentos correntes. |
IV.B Medidas destinadas a reforçar o tecido social e a governança para adotar uma estratégia de adaptação inclusiva ao nível do sector
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Ações para reforçar o tecido social e a governança para adotar uma estratégia de adaptação inclusiva ao nível do sector |
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IV.B.1 |
Promover e financiar processos formais de participação pública ativa e revitalização nas zonas rurais para a implementação de associações sectoriais e espaços de trabalho partilhados no sector pecuário. |
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IV.B.2 |
Integrar o sector pecuário extensivo através de representantes territoriais nos diferentes órgãos de gestão de espaços naturais, parques, etc. |
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IV.B.3 |
Proporcionar maior transparência e gerar ferramentas de informação em relação ao planeamento e gestão territorial, especificamente adequadas ao sector, que lhes permite aceder de forma simples e útil a toda a informação que lhes diz respeito. |
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IV.B.4 |
Promover, melhorar e gerar as condições adequadas (dinamização normativa, social e comunicativa) de modo a que haja sempre representatividade do sector pecuário local na gestão territorial, através de organismos formais ou informais de acompanhamento que desenvolvam tarefas de monitorização, implementação, comunicação e governação em processos como estratégias regionais, nacionais ou de âmbito sectorial ou ambiental, planos de gestão sectorial ou temáticos, etc. |
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IV.B.5 |
Gerar ferramentas e processos de formação, capacitação e dinamização no campo da participação social e adaptado ao grupo específico de produtores extensivos. |
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IV.B.6 |
Promover e implementar um Órgão de Monitorização para o desenvolvimento e implementação desta estratégia de adaptação participativa (comissão de monitorização do PAE) em que o sector pecuário extensivo seja representado em pelo menos 45%. Os outros agentes representados devem ser: técnicos e peritos (universitários e não universitários), entidades e ONGs com atividade ligada à pastorícia; e representantes da administração territorial para a pecuária. Financiar e regular juridicamente esta comissão de monitorização do PAE. |
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IV.B.7 |
Desenvolver uma campanha de comunicação e materiais necessários, que permitam reunir os técnicos responsáveis pelas diferentes áreas territoriais da administração envolvidas na gestão, cultura e boas práticas em relação à participação e governação na gestão e planificação ambiental, sanidade, território, etc. |